Gabriel Escobar deu explicações sobre publicações que sugerem sanções a ministros; ministério avalia que atuação é precipitada
O Ministério das Relações Exteriores convocou nesta 6ª feira (8.ago.2025) o chefe da embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, para dar explicações sobre novas ameaças aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
Escobar foi recebido no local durante a parte da manhã pelo embaixador Flavio Goldman. O brasileiro teria demonstrado indignação com a conduta norte-americana. No entendimento do Itamaraty, tanto o tom quanto o conteúdo das publicações recentes do governo Donald Trump (Partido Republicano) indicam que os EUA atuam com ingerência em assuntos internos e atacam a soberania brasileira.
Segundo apurou o Noticias sem censura, embaixadores do ministério entendem que a convocação teria sido precipitada e teria fins eleitorais. A administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estaria “dobrando a aposta” ao mirar as eleições de 2026.
A embaixada compartilhou na 4ª feira (6.ago) uma publicação afirmando que “os aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta” do ministro. Acrescentou, ainda, que o magistrado é “o principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro”.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino deu uma “indireta” nesta sexta-feira, 8, para o embaixador dos Estados Unidos Gabriel Escobar, que foi convocado pelo Itamaraty a dar explicações sobre ataques feitas aos ministros da Corte por meio das redes sociais da representação oficial americana. “Não se inclui nas atribuições da embaixada de nenhum país estrangeiro ‘avisar’ ou ‘monitorar’ o que um magistrado deve fazer”, escreveu Dino em uma rede social, sem nomear o embaixador ou a Embaixada dos EUA.
Escobar este reunido nesta sexta com o também embaixador Flavio Goldman, responsável pela secretaria da Europa e América do Norte do Ministério das Relações Exteriores. O conteúdo da conversa entre os dois não foi revelado, mas o simples ato de convocar um embaixador para dar explicações é, por si só, um gesto que representa uma repreensão. Na última quinta, o perfil do X da embaixada divulgou um texto criticando o ministro Alexandre de Moraes, chamando-o de “principal arquiteto da censura e da perseguição contra Bolsonaro”.
Não é a primeira vez que a embaixada protagoniza episódios como esse em meio à escalada do conflito entre Brasil e Estados Unidos, atravessada pelo início do tarifaço e das tentativas de intervenção na soberania nacional por conta do processo do golpe de estado contra Jair Bolsonaro.
Dino reagiu à subida de tom por parte da embaixada. “Lembro que, à luz do Direito Internacional, não se inclui nas atribuições da embaixada de nenhum país estrangeiro ‘avisar’ ou ‘monitorar’ o que um magistrado do Supremo Tribunal Federal, ou de qualquer outro Tribunal brasileiro, deve fazer. Respeito à soberania nacional, moderação, bom senso e boa educação são requisitos fundamentais na Diplomacia”, escreveu o ministro em seu perfil pessoal no Instagram.
No final da publicação, que foi acompanhada de uma foto da fachada do Supremo com a iluminação verde, Dino disse: “Espero que volte a imperar o diálogo e as relações amistosas entre nações historicamente parceiras nos planos comercial, cultural e institucional. É o melhor para todos”.
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